Nadando naquela agua cristalina, límpida e sedutora, eu conseguia ver a areia debaixo dos meus pés. Mesmo indo cada vez mais fundo. Por vezes, eu apenas me deixava levar pelos devaneios da mente e me afastava da costa. Ficava lá, eu, o sol e o mar. Ficava nadando por um bom tempo. Me deliciava ao abrir os olhos debaixo d'água e ver aquele mundo submarino e a areia branquinha no fundo. Eram reais momentos de êxtase. O sentimento era único, como se eu fizesse parte daquela natureza toda que me rodeava. Eu nadava livremente, interagindo com cada elemento daquele mar sem fim. Aquele era meu ritual durante as manhãs, enquanto o sol comecava a aquecer a todos nós no começo de mais um dia. De vez em quando, eu apenas boiava na água, de costas, com minha face sendo aquecida pelo sol. Cruzava os dedos com as minhas mãos na nuca e ficava lá, completamente relaxado, curtindo o suave e harmônico balanço do mar. Eu me espreguiçava, aproveitava cada segundo daquela interação privilegiada, daquela sensação de gravidade surreal. Às vezes, chegava até mesmo a tirar uns rápidos cochilos. A mágica maciez da água não deixava meu corpo afundar. Como algo tão simples, proporcionava tanto equilíbrio interno e externo. A natureza é perfeita. É só sabermos nos harmonizar com tudo à nossa volta.